DA PERFECTIBILIDADE À EUGENIA: UMA ANÁLISE COM BASE EM LILIA SCHWARCZ

DA PERFECTIBILIDADE À EUGENIA: UMA ANÁLISE COM BASE EM LILIA SCHWARCZ

THAÍS ANDRÉA COSTA DE SOUSA1

RESUMO.
Este breve texto pretende apresentar as doutrinas raciais do século XIX tendo por base, principalmente, o capítulo “Uma história de diferenças e desigualdades: As doutrinas raciais do século XIX” contido na obra “O espetáculo das raças”, de Lilia Moritz Schwarcz, e o documentário “Homo sapien – 1900”, do diretor sueco Peter Cohen.
PALAVRAS-CHAVE: RAÇA, EUGENIA, HIGIENE RACIAL.

1. INTRODUÇÃO.

No século XIX, os teóricos raciais se remetem a questões que exigem uma reflexão que retorne aos pensadores do século XVIII. No entanto, isto não ocorria de maneira uniforme: o pensamento humanista, que se abraçava especial ao pensamento de Rousseau; e os teóricos próximos a perspectiva de Buffon e De Pauw, considerados um referencial da época para a noção que justificaria as diferenças essenciais entre os homens. A concepção humanista, com base no pensamento de Rousseau, assume o termo perfectibilidade, que se resume a uma característica especificamente humana, ou seja, noção de que os homens eram capazes, singular e inerentemente, de se superarem, de aperfeiçoarem a si mesmos. Entretanto, nessa característica virtuosa e igual entre os homens, Rousseau já encontrava o vício que germinaria a origem do que os tornaria desiguais. Considerar a questão da diversidade é uma herança do pensamento humanista e, a igualdade e a liberdade eram consideradas naturais. Na época das grandes viagens os olhares são ampliados com a oportunidade do europeu de conhecer “novos homens”, geralmente descritos em narrativas que aliavam o fantástico e o real como seres de costumes estranhos, passando a ser chamados de primitivos no século XIX. Mas, para Rousseau esses “novos homens” eram moralmente superiores, o que traria à tona a ideia de um progresso avesso. No entanto, havia uma visão do “novo mundo” que o detratava e que atribuía aos “novos