Da necessidade de uma pluralidade de interpretações acerca do processo de ensino e aprendizagem em ciências: re-visitando os debates sobre construtivismo
Fernando Bastos () ()
Roberto Nardi (1) (2)
Renato Eugênio da Silva Diniz (1) ()
Ana Maria de Andrade Caldeira (1) (2)
Introdução
As pesquisas sobre concepções alternativas e mudança conceitual nas décadas de 1970 e 1980 Pesquisas realizadas na década de 1970 mostraram que (a) as crianças possuem concepções "sobre uma variedade de tópicos em ciência, desde uma idade precoce e antes da aprendizagem formal da ciência"; (b) as concepções "das crianças são freqüentemente diferentes das concepções dos cientistas"; e (c) as concepções "das crianças podem não ser influenciadas pelo ensino de ciências, ou ser influenciadas de maneira imprevista" (Osborne & Wittrock, 1985, p.59). Além disso, dados obtidos em diferentes países e por meio de diferentes "metodologias de investigação" foram similares, o que conduziu à hipótese de que a existência de determinados tipos de idéias entre as crianças é um fenômeno amplamente disseminado (Osborne & Wittrock, 1985, p.60). Tais resultados evidenciaram que o ensino escolar estava falhando em "desenvolver nas crianças conceitos que fossem ao mesmo tempo aceitáveis e úteis para elas e solidamente fundamentados [...] [numa] cultura científica" (cf. Osborne & Wittrock, 1985, p.60). Além disso, duas importantes suposições tornaram-se possíveis: (d) os alunos, a partir de suas experiências com objetos, eventos, pessoas, informações da mídia etc., constróem por si mesmos uma variedade de idéias e explicações acerca das coisas da natureza; (e) as idéias e explicações construídas pelos alunos podem ser consideravelmente resistentes à mudança e funcionar como importantes obstáculos à aprendizagem escolar. Os dados de pesquisa produzidos nesse período e em etapas subseqüentes permitiram um amplo mapeamento das idéias dos alunos em relação a