Da história política dos “grandes homens” a prosopografia das elites políticas: Considerações historiográficas e metodológicas.
Considerações historiográficas e metodológicas.
CÁSSIO A. A. ALBERNAZ
Falar de elites políticas, até bem recentemente, era falar de um tema, no mínimo, controverso para historiografia brasileira. Sobretudo, após um período de “relativo ostracismo” dos estudos de elites políticas oriundo de uma determinada recepção, mais ou menos consciente, das críticas que se reverberaram a partir dos Annales até a Nova
História, transformando “uma certa história política” e, principalmente, “uma certa história das elites políticas” num verdadeiro contra-modelo historiográfico.1
Diz-se “relativo ostracismo” porque abundam estudos de história política e das elites políticas na historiografia recente, como tem sido mostrado em diversos balanços da produção historiográfica brasileira.2 É possível inferir que muitos procuram não se inscrever como tal, seja pela adesão a certas tendências historiográficas que
“demonizaram” a história política e os estudos de elites, ou pelo receio de inscrever uma pesquisa fora do cânone momentâneo. Entretanto, também não se pode perder de vista, a dificuldade de operacionalidade do conceito elites políticas inserida na problemática
Doutorando em História pela PUCRS com Doutorado sanduíche na Université Paris I/ Panthéon
Sorbonne. Pesquisador convidado do CRALMI (Centre de Recherches de l‟Ámerique Latine et du
Monde Iberique) e do MASCIPO (Mondes Ámericains, Sociétés, Circulations, Pouvoirs). Bolsista da
CAPES.
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Principalmente, numa visão normativa da história, os estudos de elites políticas são vistos como essencialmente elitistas e, nesse sentido, conservadores do status quo ao reificar as minorias do poder.
Como reação ao “elitismo” na historiografia, essa visão normativa apresenta uma concepção diametralmente oposta, através de um corte classista, pela via marxista, ou através de um corte culturalista, onde temos a profusão de