Da geografia dos professores aos écrans da geografia – espetáculo
Desde o fim do século XIX pode – se considerar que existem duas geografias: uma de origem antiga, a geografia dos Estados – maiores é um conjunto de representações cartográficas e de conhecimentos variados referentes ao espaço; esse saber sincrético é claramente percebido como eminentemente estratégico pelas minorias dirigentes que o utilizam como instrumento de poder. A outra geografia, a dos professores, que apareceu há menos de um século, se tornou um discurso ideológico no qual uma das funções inconscientes, é a de mascarar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. Não somente essa geografia dos professores é extimpada de práticas políticas e militares como de decisões econômicas (pois os professores nisso não têm participação), mas ela dissimula, aos olhos da maioria, a eficácia dos instrumentos de poder que são as análises espaciais. Por causa disso a minoria no poder tem consciência de sua importância, é a única a utilizá – lãs em função dos seus próprios interesses e este monopólio do saber são bem mais eficazes porque a maioria não dá nenhuma atenção a uma disciplina que lhe parece tão perfeitamente “inútil”.
Ente de um lado as lições dos manuais escolares, o resumo ditado pelo mestre, o curso de geografia na Universidade, e de outro lado, as diversas produções cientificas ou o amplo discurso que são as “grandes” teses de geografia, existem, evidentemente, diferenças: as primeiras se situam ao nível da reprodução de elementos de conhecimentos mais ou menos numerosos, enquanto que as segundas correspondem a uma produção de idéias científicas e informações novas – seus autores não imaginando, na maioria das vezes o tipo de utilização que poderá ser feito. Eles vêem os seus trabalhos por excelência como um saber pelo saber e nem se pense em perguntar numa tese de geografia para o que, para quem todos esses conhecimentos acumulados poderiam servir. Mas essas teses e essas