Da divisão do trabalho social
Ao comparar a sociedade a um organismo vivo, foi possível estender o campo de ação da divisão do trabalho. "Não é mais apenas uma instituição social que tem sua fonte na inteligência e na vontade dos homens, mas um fenômeno de biologia geral, cujas condições, ao que parece, precisam ser buscadas nas propriedades essenciais da matéria organizada. A divisão do trabalho social passa a aparecer apenas como uma forma particular desse processo geral, e as sociedades, conformando-se a essa lei, parecem ceder a uma corrente que nasceu bem antes delas e que arrasta no mesmo sentido todo o mundo vivo.”
A partir disso, o autor passa a falar de solidariedade social, que se expressa de acordo com a maior ou menor divisão de trabalho, e os fatos sociais, deveres definidos pelo direito, pelos costumes e pela educação. Entretanto, Durkheim afirma que os movimentos que todos os indivíduos repetem, não são por isso fatos sociais, que possuem existência própria e nos levam a dois tipos de solidariedade: solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.
Na ordem primitiva, temos a solidariedade mecânica, igualitária e de consciência coletiva, onde o grupo predomina sobre o indivíduo e se identifica através de costumes e tradições.
A solidariedade orgânica já faz parte de uma ordem moderna, decorrente da evolução da sociedade, no qual predomina a divisão do trabalho e a personalidade dos indivíduos. A divisão do trabalho surge como um novo modelo de integração social, onde os indivíduos se unem para troca de serviços. O mais notável efeito da divisão do trabalho não é aumentar o rendimento das funções divididas, mas torná-las solidárias. Seu papel, em todos esses casos, não é simplesmente embelezar ou melhorar sociedades existentes, mas tornar possíveis sociedades que, sem elas, não existiriam. [...] É possível que a utilidade