Da cidade unitária a metrópole fragmentada: crítica a constituição da são luis moderna
Crítica à constituição da São Luís moderna 1
Frederico Lago Burnett
Introdução
Até meados dos anos de 1950, São Luís vivia a síntese de três cidades em uma: a do acampamento militar, a mercantil e a industrial. A primeira, sem pujança econômica e originada pelo traço do arquiteto e engenheiro -mor Francisco Frias de Mesquita, tinha, nos primórdios do século XVII, a tarefa primordial de assegurar o domínio português na região (RIBEIRO JUNIOR,
1999) e contava com uma malha urbana que servirá de padrão para o seu processo de expansão.
Nesse período, em que interessava ao Senado da Câmara incentivar, com cartas de sesmarias, a ocupação do então ocioso espaço urbano, os terrenos eram entregues aleatoriamente, sem maiores preocupações com o nível social dos ocupantes, numa democratização do acesso ao solo que a seguinte valorização modificará.
Ao se transformar na cidade mercantil, alternando com Belém a sede do governo da
Província do Maranhão e Grão -Pará, será através da Companhia do Comércio, criada no último quartel do século XVIII e graças à produção agrícola que comercializa com a Europa dos primórdios da Revolução Industrial, que São Luís consolida e sofistica o bairro portuário da Praia
Grande, ambiência urbana tomada como referência para toda a cidade, que respirava então ares cosmopolitas. É neste processo que se origina a elite comercial do Maranhão, verdadeira força hegemônica da economia e da política (BELLO FILHO, 2004) que, por longo tempo, terá papel decisivo nos destinos do espaço urbano.
Com o fim da Companhia e devido à resistência de cortar os laços com o mundo, São Luís tentará mais uma metamorfose: aproveitando favoráveis condições internacionais e, tal qual outros estados que convertem o Nordeste em “vasto algodoal” (OLIVEIRA, 1981, p. 47), transforma o
“ouro branco” em seu novo produto de exportação e, através dele, erige um parque industrial têxtil, base da conquista dos