da casa do rei a razao de estado

Universidade do Estado da Bahia – I semestre – Matheus Araujo Melo
BOURDIEU, Pierre. Da casa do Rei à razão de Estado: um modelo da gênese do campo burocrático. In: WACQUANT, Loïc (Org). O Mistério do Ministério. Rio de Janeiro: Revan, 2005. p. 41-69.
Estudando o Estado Nação moderno, é comum que deixemos escapar o Estado dinástico que o precedeu. A proposta deste trabalho é compreender o surgimento do Estado, que se dará por meio do entendimento sobre o acordo entre os espíritos criados pelo Estado, os espíritos de Estado, e as estruturas do Estado. É necessário distinguir o Estado dinástico do Estado Nação para entender a especificidade do estado moderno.
A acumulação inicial de capital se completa segundo a lógica característica da casa. O rei agindo como o chefe da casa. Assim, pode-se também afirmar que os traços mais fundamentais do Estado dinástico podem, de qualquer forma, se deduzir do modelo de casa. Para o rei e sua família o Estado se identifica com a “casa do rei”, entendida como um patrimônio que se estende as pessoas da casa.
O modo de sucessão define o reino. A realeza é um honor, que se transmite em linhagem agnática hereditária e por progenitura. O principio da legitimação é a genealogia. E segue com o dominante oferecendo proteção e manutenção ao povo do reino e ao próprio reino. A lógica dinástica explica bem as estratégicas políticas dos Estados dinásticos.
Vale ressaltar também outro modelo, os grandes impérios agrários, compostos em sua grande maioria por pequenos produtores vivendo em comunidades fechadas em si mesmas e dominadas por uma minoria que assegurava a manutenção da ordem e a gestão da soberania oficial, opera uma ruptura dos laços familiares ao instruir as grandes burocracias de párias excluídos da reprodução política, eunucos, sacerdotes votados ao celibato, estranhos sem laços de parentesco com a gente do país e privados de direitos, ou escravos que são propriedade do Estado e cujos bens e cargos podem a qualquer momento