Célula
Quando a idéia de natureza foi posta em foco pelo pensamento, tornou-se tema de intensa e prolongada meditação e constituiu-se como matéria de estudo, as ciências naturais. No entanto, a concepção de natureza sofreu profundas transformações ao longo da história.
Nos primórdios da civilização, quando surgiu a primeira estrutura de epistemologia, como forma de conhecimento do mundo, o sobrenatural e o mágico eram aceitos como estatuto de verdade (COLLINGWOOD, 1976, p. 7). A realidade era encantada e sobrenatural e tinha o mito (Mythos) como forma de conhecimento. Sua narrativa era inspirada pelos deuses ou por forças naturais que intervinham e instalavam a ordem no mundo.
O desenvolvimento da concepção do pensamento científico teve seu início na Grécia Antiga, entre os séculos VIII a VI a.C., quando os gregos reconheceram que a razão, a alma racional, podia ser usada como instrumento de conhecimento do mundo e das coisas. Tal fato é denominado por Vasconcellos (2003, p. 53) como “a descoberta do logos”. Esse salto do mito para o logos aconteceu com os pré-socráticos, mais de quatro mil anos depois do aparecimento das primeiras civilizações. Era o início da filosofia da natureza, que considerava as criaturas terrestres dotadas de vida e inteligência e representantes de uma organização poderosa de vitalidade e racionalidade.
Os gregos encontraram uma ordem implícita na natureza. Vasconcellos cita o grego Thales (624-562 a.C.) como o responsável pelo primeiro rompimento com o mito como forma de conhecimento humano e introdutor da filosofia da natureza. Ainda considerando o pensamento grego, foi Sócrates (469-399 a.C.) quem introduziu o argumento e a