Cus de Judas UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA VERNÁCULAS
Disciplina: LLV 7303 – Literatura Portuguesa III (PCC 8 h/a)
Professora: Simone Pereira Schmidt
Estudante: Patrícia Schmidt Rodrigues

O AUTOR, FOCO NARRATIVO

Antônio Lobo Antunes, nascido em Lisboa em 1942, após servir ao exército abandonou a clínica para se dedicar integralmente à escrita literária. No ano de 1979 escreveu o livro memória de Elefante, seguido por uma de suas obras mais prestigiadas e a que trataremos nesse trabalho Os cús de Judas.

A literatura de Antunes é marcada por um realismo direto, franco, quase cruel ou até mesmo cínico e tem como pano de fundo ou temática acontecimentos contemporâneos. Antunes não hesita no uso de uma linguagem ácida, rica em longas narrativas com cenas ricas em detalhes num "incansável detalhismo, parece fruto de múltiplas câmaras, acionadas em ritmo de polifonia, a captar de vários ângulos os protagonistas e o seu contexto social." (MOISÉS 2013,p. 259) onde podemos observar dentro de Os cus de Judas quanto ao foco narrativo temos um narrador muito próximo ao narrador.
"O autor é um personagem moderno, produto, sem dúvida , da nossa sociedade, na medida em que... ...descobriu o prestígio do indivíduo, ou como se diz mas nobremente, da "pessoa humana" (SEARLE, La mort de l'auteur, p. 61-62 apud MOISÉS,2013 p. 50)
Nessa proximidade com o coloquial podemos dizer que na obra de Antunes, Os cus de Judas, em vários momentos podemos verificar uma linguagem de forma desabrida, aberta ao emprego de palavrões que tal emprego tem por objetivo espelhar a realidade dando aos evento o máximo de fidelidade. Podemos observar isso no seguinte trecho:

...Está a ouvir os gajos sussurrava o tenente e o hálito espalhava-se-me quente na orelha, como não há fósforos acendem-se os cigarros uns nos outros, Mostrem resultados que se vejam discursava o coronel e nós só tínhamos para exibir pernas amputadas caixões