Curt NImuendaju
ISSN 0034-7701 versión impresa
Rev. Antropol. v.44 n.2 São Paulo 2001 doi: 10.1590/S0034-77012001000200007
Excursões pela Amazônia1 Curt Nimuendajú
Em setembro de 1922 iniciei, saindo do Pará, uma série de viagens para coletar material etnográfico e arqueológico para o Museu de Gotemburgo.
A primeira e rápida excursão teve por destino a Ilha de Marajó, conhecida pelos seus mounds e cemitérios de urnas: sua extremidade setentrional, o cabo Maguari, foi examinada com o objetivo de encontrar vestígios de antigas ocupações indígenas. Lamentavelmente, justo essa parte da ilha revelouse uma formação bem recente de dunas: a linha costeira encontrase em constante avanço em direção ao mar. Faltavam assim vestígios mais pronunciados da antiga população e a coleta restringiuse a alguns cacos cerâmicos de pouca importância. Foi impossível estender a investigação à área geologicamente mais antiga vizinha ao rio de Souré, onde haviam sido constatados diversos cemitérios de urnas, em razão da atitude negativa dos latifundiários locais.
Um mês depois de voltar dessa excursão, o inspetor do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) em Manaus pediume para organizar a administração dos postos entre os Parintin e MuraPirahá no rio Maici, um afluente esquerdo do rio Marmelos (região do Madeira). Entre os primeiros, com os quais apenas em maio do mesmo ano eu conseguira estabelecer os primeiros contatos pacíficos, organizei uma grande coleção, a primeira a ser levada a um museu europeu (Nimuendajú, 1924).
Em fevereiro de 1923, voltei ao Pará e resolvi empreender primeiro uma viagem ao alto Tapajós para estudar os Munduruku e Apiaká; mas uma estada de 14 dias em Santarém levou-me de início à descoberta dos estratos culturais extraordinariamente interessantes e ricos sobre os quais a atual cidade está edificada, e que se estendem pelas terras altas vizinhas, como foi imediatamente verificado. Adiando a investigação desses importantes achados,