DESENHAR E PINTAR: As crianças desenham sobre diferentes bases e com diversos materiais. Os desenhos constituem-se como um jogo em que há narrativas, imaginações, inventividade que são mobilizadas pelo convite feito pelos suportes que são oferecidos ou encontrados pelas crianças. Através dos traçados procura-se conhecer, reconhecer-se e ser reconhecido. Eles incentivam a elaboração criativa constituindo assim pesquisas pessoais que são elaboradas pelas próprias crianças. Isso resulta em fontes documentais das marcas de si deixadas para a História tanto pessoal quanto coletiva. Diferentes superfícies esperam silenciosamente que meninos e meninas decidam que rumos tomarão, que traços, que marcas deixarão sobre as áreas de diferentes texturas, formas, tamanhos, que ao serem investigadas pelas crianças ganham proporções ilimitadas. As crianças buscam possibilidades de desenhos entre danças, assobios, conversas, pensamentos quietos e inquietos, individual ou coletivamente, traduzidos em manchas ou riscos que adquirem inúmeras formas. Podemos questionar os desenhos das crianças a partir de observações rigorosas de seus próprios traçados: que coisa acontece quando um ponto começa a mover-se sobre as folhas? Como será uma linha calma ou agitada? Quando duas linhas se encontram o que acontece? O que as crianças manifestaram entre cores e formas, tantas vezes desconhecidas de nós adultas? Muitas vezes os traçados das crianças ficam no imaginário adulto como sinônimo de algo que fere aos padrões estéticos vigentes, apresentando-se como feios ou caóticos. É ainda comum vê-los presentes em alguns momentos tendo como objetivo que a criança “descanse”, fique um tempo quietinha desenhando. Adquire dessa maneira uma conotação negativa: o desenho torna-se útil como elemento disciplinador, ao contrário de liberador de expressões. Tais desenhos carecem de uma maneira de vê-los mais profundamente sem procurar ordenar o caos, ou seja,