Cultura
Agudás são comunidades de escravos libertos no Brasil (afro-brasileiros) e retornados ao Benim, África. Numerosos, esses "brasileiros" estabeleceram-se na região da antiga costa dos Escravos; que abrangia todo o golfo de Benim, indo da atual cidade de Lagos, na Nigéria, até Acra, em Gana; entre os séculos XVIII e XIX. São designados em iorubá, fom ou mina os “parentes de Uidá”, ou seja, os beninenses que possuem sobrenome de origem portuguesa. Segundo Cunha (1985,p.189)1, na Nigéria do século passado todo os católicos eram igualmente chamados de agudás. A palavra vem, provavelmente da corruptela da palavra “ajuda”, nome português da cidade de “Uidá”, nome muito conhecido por causa do forte português de São João Baptista da Ajuda, construído no final do século XVII. (Guran,2000;p.15)2.
Milton Guran em seu livro Agudás : os “brasileiros” do Benin, (2000), resume: "Os “brasileiros” do Benim, Togo e Nigéria, também conhecidos como agudás, nas línguas locais, são descendentes dos antigos escravos do Brasil que retornaram à África durante o século XIX e dos comerciantes baianos lá estabelecidos nos séculos XVIII e XIX. Possuem nomes de família como Souza, Silva, Almeida, entre outros, festejam Nosso Senhor do Bonfim, dançam a burrinha, um folguedo anterior ao bumba-meu-boi, fazem desfiles de Carnaval e se reúnem freqüentemente em torno de uma feijoadá ou de um kousidou. Ainda hoje é comum os agudás mais velhos se cumprimentarem com um sonoro “Bom dia, como passou?” “Bem, ‘brigado’” é a resposta". Hoje em dia, em francês, a língua corrente no Benim atual, os agudás são chamados e chamam a si próprios simplesmente de "brésiliens", entre aspas quando por escrito.
Os agudás representam hoje por volta de 5% da população do Benim, e são reconhecidos sobretudo pelos sobrenomes de origem portuguesa e por alguns indicadores de identidade. Desempenha também um papel importante à família de Souza, descendentes diretos do baiano Francisco Félix de Souza, que foi