Cultura e sociedade
Professor Carlos Alberto dos Santos Bezerra
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. Tradução Marie-Agnes Chavel. São Paulo: Brasiliense, 2000.
1. A PRÉ-HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA a descoberta das diferenças pelos viajantes do século XVI e a dupla resposta ideológica dada daquela época até nossos dias A discussão científica se inicia no Renascimento a partir dos relatos feitos pelos tripulantes das naus das grandes navegações. A descoberta do outro (alteridade). “Aqueles que acabaram de serem descobertos pertencem à humanidade?”
Critério essencial: RELIGIOSO
“O selvagem tem uma alma?”
“O pecado original também lhes diz respeito?” Duas ideologias concorrentes: a) a recusa do estranho, e b) a fascinação pelo estranho.
(Debate em 1550, na Espanha: o dominicano Las Casas e o jurista Sepulvera):
“Àqueles que pretendem que os índios são bárbaros, responderemos que essas pessoas têm aldeias, vilas, cidades, reis, senhores e uma ordem política que, em alguns reinos é melhor que a nossa. (...) Assim, igualavam-se aos gregos e os romanos, e até, em alguns de seus costumes, os superavam. Eles superavam também a Inglaterra, a França, e algumas regiões da Espanha. (...) Pois a maioria dessas nações do mundo, senão todas, foram muito mais pervertidas, irracionais e depravadas (...). Nós mesmos fomos piores, no tempo de nossos ancestrais (...).” Las Casas.
“Aqueles que superam os outros em prudência e razão, mesmo que não sejam superiores em força física, aqueles são, por natureza, os senhores; ao contrário, porém os preguiçosos, os espíritos lentos (...), são por natureza servos. (...) E será sempre justo e conforme o direito natural que essas pessoas estejam submetidas ao império de príncipes e de nações mais cultas e humanas (...). E se eles recusarem esse império, pode-se impô-lo pelo meio das armas e essa guerra será justa, bem como o declara o direito natural que os homens honrados, inteligentes,