Cultura e costumes de Brancos
Amanda Rebello Anastácio*
Márcio Tadeu da Silva**
Vera Lúcia dos Santos Plácido***
Chegamos ao século XXI incrédulos diante de tantas transformações paradoxais: de um lado, riqueza concentrada e avanços tecnológicos jamais imaginados, de outro, misérias que se alastram de maneira insustentável, conflitos étnicos, destruição do ambiente em nome de um modelo econômico que se globaliza na perversidade.
É certo que a humanidade está fazendo a sua opção: produzir cada vez mais em nome de um sistema que se globaliza na sua dimensão econômica mas, por outro lado, exclui socialmente, já que nem todos têm acesso a todos os recursos. Se a sociedade contemporânea nos mostra claramente a sua opção, cabe perguntar: e a ciência, qual o seu posicionamento diante de mudanças tão bruscas? Como nos diz Boaventura de Sousa Santos (1988) estamos, talvez, diante de um cruzamento de sombras, ou seja, vivemos em um sistema visual tão flexível e instável em que a mínima flutuação da nossa percepção provoca rupturas na simetria do que vemos. Em outras palavras, o momento presente pode ser caracterizado por uma ambigüidade e complexidade nunca antes imaginadas; um tempo de transição, sincronia com muita coisa que está além ou aquém dele, mas descompassado em relação a tudo o que o habita. Por esse motivo a palavra-chave da sociedade contemporânea é a crise: crise dos saberes, crise econômica global, crise das sociedades em seus ambientes. Assim, a ciência passa por mudanças de paradigmas a fim de responder à sociedade suas principais inquietações. Trata-se de um movimento que nos mostra claramente que a natureza da revolução científica que atravessamos é estruturalmente diferente da que ocorreu no século XVI.