CULTURA E COMPORTAMENTO
Reportagem Cultura e comportamento Por Rodrigo Cunha 10/07/2007 Algumas noções do senso comum sobre características culturais marcantes de determinados povos, como a alegria e a festividade do brasileiro, a dedicação ao trabalho do japonês, a frieza e a racionalidade do alemão ou a musicalidade do africano, têm sua origem em seculares e acalorados debates filosóficos e científicos sobre o que determinaria o comportamento humano: a herança biológica, a “racial” ou a cultural? Numa época em que ganha grande repercussão o trabalho de geneticistas que buscam provar a inexistência de “raça” como conceito científico e, ao mesmo tempo, recrudescem comportamentos discriminatórios que tornam cada vez mais forte a noção política de “racismo”, a discussão sobre o que determina o comportamento do indivíduo ainda é atual, e a história das idéias sobre a noção de cultura pode ajudar a entendê-la.
Cultura é uma palavra que vem do latim e significa, em sua origem, o cuidado dispensado ao campo ou ao gado. Esse sentido se mantém até o início da Idade Média nas línguas derivadas do latim, como o francês, nas quais, no século XIII, cultura é usada para designar a terra cultivada. No século XVI, começa a se formar um sentido figurado de cultura que acabou sendo fundamental para os filósofos iluministas franceses do século XVIII e tem repercussões até os dias de hoje: a cultura como formação e educação do espírito. Consagrada pela edição de 1798 do Dicionário da Academia Francesa, essa noção de cultura a colocava em oposição à noção de natureza e estigmatizava o espírito “natural”, “sem instrução” e “sem cultura”. Para os iluministas, a cultura era a soma dos saberes acumulados e transmitidos pela humanidade como um todo ao longo de sua história, nas artes, nas letras e nas ciências.
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