Cultura Religiosa
A análise acerca da formação religiosa da população brasileira deve incorrer em uma investigação histórica sobre o surgimento da religião cristã. O Cristianismo ganha o seu maior impulso global a partir da sua adoção oficial pelo Império Romano, no final do século IV. A vastidão territorial do Império Romano favoreceu – e muito – a disseminação dos ideais cristãos nas sociedades ocidentais e mundiais.
Esse novo modelo cristão, transmitido através dos séculos, acabou construindo o domínio da cultura ideológico-cultural cristã sobre a Europa ocidental, sendo esta a principal base de toda e qualquer instituição estatal. Nas palavras de Chaim Perelman (1996, p.314): “Desde a conversão de Constantino até o século XVII pelo menos, a religião era considerada, na Europa cristã, o fundamento ideológico e institucional do Estado, do qual eram excluídos aqueles que não professavam a religião estabelecida”.
O paradigma europeu-cristão chega até as terras brasileiras por meio da colonização portuguesa. Em Portugal, como uma típica nação européia ocidental do século XVI, havia o predomínio inegável da cultural religiosa cristã. Natural, deste modo, que a Coroa portuguesa trouxesse até as terras do novo mundo toda a sua herança cultural – incluindo, logicamente, sua religiosidade. Explica Marlon Anderson de Oliveira (2008, p.9):
[...] o Brasil enquanto colônia da metrópole portuguesa nasce sob a proteção da santa cruz católica e ao mesmo tempo sob o domínio do vasto império ultramarino português. A religião dos descobridores foi trazida em suas caravelas para que as novas terras descobertas pudessem receber a bênção de Deus e sua infinita proteção.
Esta é a mesma lição trazida pela historiadora carioca Mary Del Priore (2004, p.7). A professora relata que a história da Igreja católica, em terras brasileiras, é marcada pela “autoridade” e “dominação”. Mary Del Priore relata que “a Igreja católica, enquanto instituição e religião oficial do