Cultura migrante na Baixada Maranhense
1 INTRODUÇÃO
Um dos temas mais discutidos na contemporaneidade é o da dinâmica cultural face aos tempos de globalização. Entre posições múltiplas e por vezes divergentes, os estudiosos têm destacado a complexidade do processo de aproximação das diversas partes do mundo, a criação de uma cultura mundial homogênea, e, ao mesmo tempo, o irromper de particularismos e de uma valorização daquilo que é específico, da cultura local (ORTIZ, 1994;
BAUMAN, 1999).
Apesar das divergências, parece ser consensual a percepção da rapidez com que os modos de vida e as visões de mundo estão sendo alterados pela presença cada vez mais intensa de elementos culturais de outros povos e localidades, o que foi possível graças aos avanços tecnológicos nas áreas de mídia, transportes e comunicação.
Essa dinâmica parece se dar de maneira mais destacada nos chamados países em desenvolvimento, onde a moderna tecnologia convive com culturas tradicionais fortemente estabelecidas. Nesses casos, a implantação de mudanças culturais pode levar à modificação desses traços arcaicos e a um sentimento de perda de identidade.
O Estado do Maranhão parece enquadrar-se sob medida nesse cenário. Um dos
Estados mais pobres da federação, com imensa maioria de sua população vivendo no campo ou em áreas periféricas dos centros urbanos, o Maranhão é um exemplo bastante significativo da convivência entre o moderno e o tradicional (COSTA, 2002, p. 03). Entretanto, seria equivocado pensar que a dinâmica cultural contemporânea estaria destinada a superar traços culturais considerados como arcaicos, atrasados, ou primitivos, em prol de uma cultura dita moderna, contemporânea. Isso seria repetir a visão linear e teleológica vigente no Brasil do final do século XIX, que identificava nos nossos traços culturais mestiços a sentença condenatória da nação brasileira ao atraso (SCHWARCZ, 1993).
Talvez possamos buscar à UNESCO a definição de Patrimônio