Cultura de massa
Cultura de Massas no Século XX
Vol. 1 Neurose
A Indústria Cultural
As invenções técnicas foram necessárias para que a cultura industrial se tornasse possível: o cinematógrafo e o telégrafo sem fio, principalmente. Essas técnicas foram utilizadas com freqüente surpresa de seus inventores: o cinematógrafo, aparelho destinado a registrar o movimento, foi absorvido pelo espetáculo, o sonho e o lazer; o T.S.F., primeiramente de uso utilitário, foi por sua vez absorvido pelo jogo, a música e o divertimento. O vento que assim as arrasta em direção à cultura é o vento do lucro capitalista.É para e pelo lucro que se desenvolvem as novas artes técnicas.Não há dúvida de que, sem o impulso prodigioso do espírito capitalista essas invenções não teriam conhecido um desenvolvimento tão radical e maciçamente orientado. Contudo, uma vez dado esse impulso, o movimento ultrapassa o capitalismo propriamente dito: nos começos do Estado Soviético, Lenine e Trotsky reconheceram a importância social do cinema. A indústria cultural se desenvolve em todos os regimes, tanto no quadro do Estado quanto no da iniciativa privada.
Dois sistemas
Nos sistemas ditos socialistas, o Estado é senhor absoluto, censor, diretor, produtor. A ideologia do Estado pode, portanto, desempenhar um papel capital.
No entanto, mesmo nos Estados Unidos, a iniciativa privada nunca fica inteiramente entregue à sua própria evolução: o Estado é, pelo menos, polícia.
Do Estado-soberano cultural ao Estado-polícia há uma gama de situações intermediárias. Na França, por exemplo, o Estado só interfere na imprensa para dar autorização prévia, mas tem sob sua proteção a agência nacional de informação
(A.FP.); no cinema, ele autoriza e proíbe, subvenciona em parte a industria do filme, controla uma sociedade de produção; no rádio, ocupa um monopólio de direito, mas tolera a concorrência eficaz de emissoras periféricas (Luxemburgo,
Europa n.° l, Monte Cario, Andorra); na televisão,