Cultura como uma ciencia social
Introdução
Todos nós adquirimos nossas características humanas em um contexto sócio-cultural. Essa condição básica da vida humana levou o filósofo espanhol Ortega e Gasset a dizer: “Eu sou eu e a minha circunstância”. Isso significa que cada um de nós constrói sua identidade a partir do seu ambiente. “Quem sou eu?” é a pergunta que mais cedo ou mais tarde todos nós fazemos. De maneira mais ou menos consciente nos interrogamos sobre nossa identidade pessoal e percebemos quanto os valores e os comportamentos das pessoas que nos rodeiam e que conhecemos mais de perto influenciam nossas ações e idéias. Aprendemos muito do que nos torna seres humanos em um ambiente cultural, aquele em que nascemos e nos desenvolvemos. Poucas pessoas percebem como a vida, e mesmo a personalidade de cada um de nós, é influenciada pela sociedade da qual somos parte. Nascer no Brasil e crescer como membro da sociedade brasileira constitui uma experiência de vida muito diferente da de crescer e ser educado na França, no Japão ou na Índia, por exemplo. E isso tem conseqüências fundamentais e diversas para o resto de nossas vidas. O estudo das sociedades humanas é importante não só para melhor conhecermos a nós mesmos mas, também, para melhor compreendermos as pessoas que vivem em outros contextos sócio-culturais. Nunca como hoje, tantos aspectos da vida humana mudam tão rapidamente e para tantas pessoas ao redor do planeta. E isso tem ocorrido em todas as áreas: nas artes, nas ciências, na religião, na moralidade, na educação, na política, na família e na economia. Todas são afetadas. Nessas circunstâncias, não é surpresa que tenha aumentado de maneira significativa o interesse pelo estudo das sociedades humanas, embora constituam um fenômeno dos mais complexos e as ciências sociais integrem um campo de pesquisa jovem em que predomina o debate e a controvérsia. A sociedade é uma forma de organização que se desenvolveu aos poucos, em correntes animais distintas e, em