Cultura classica - Arete e Dike
Areté e Diké, em conceitos gerais, poderiam ser definidos como virtude e justiça, respectivamente. Entretanto, em contextos diferenciados, estas definições adquirem diferentes significações: quando consideramos as obras dos autores Homero e Hesíodo, por exemplo.
Homero, em Ilíada e Odisseia, apresenta a areté como uma virtude a ser buscada e o que realmente qualifica o herói. Podendo ser uma virtude do corpo, como a força, como também atributos da nobreza, aliados a uma conduta cortesã. Portanto, a areté era um conceito que justificava a superioridade dos heróis guerreiros e da nobreza.
Contrariamente, em Os Trabalhos e Os Dias, de Hesíodo, o trabalhador não é tido como inferior, assim como é digno. Por isso, a areté de Hesíodo é a virtude e o heroísmo dos trabalhadores. O autor define, como único meio possível pelo qual se alcançaria a areté, o trabalho. Durante toda sua obra, caracteriza, a partir desse valor de virtude, a importância do trabalho na vida do homem simples.
Para Hesíodo, o trabalho não só leva à virtude, como também à justiça. É através dele que o homem poderia se elevar e alcançar maior semelhança com os deuses do olimpo: trabalhando e não cobiçando o bem do próximo; e assim, mantendo a justiça.
A díke, como justiça, é demonstrada como um dos dois caminhos possíveis a serem tomados; o outro é a hybris, o excesso. Entretanto, apesar da possibilidade de caminhos, Hesíodo tenta demonstrar que, independentemente da escolha tomada, a justiça irá se sobrepor ao excesso. Isso se deve à filha de Zeus com Têmis, a deusa Díke (na tradução da obra, retratada somente como Justiça, com letras maiúsculas), que está presente na Terra vigiando as condutas