Cultura brasileira e identidade nacional
Uma leitura sobre o Modernismo
Ao aceitar o convite para falar sobre cultura brasileira, neste circuito de palestras, propus-me apresentar uma breve leitura histórica sobre como o tema foi tratado no contexto do Modernismo, associado à discussão sobre identidade nacional.
Mais que tentar definir a natureza da cultura brasileira nesse período, minha intenção é revelar a tensão e a disputa social presentes no campo da produção cultural.
Fechando um pouco mais o foco, tomo como objeto a pintura modernista paulista, produzida nas décadas de 1930 e 1940, pelo Grupo Santa Helena, tentando recuperar aspectos gerais da luta entre grupos sociais, que seu surgimento ensejou.
Historicizando conceitos
Cultura é conceito que amplia sua abrangência, a partir do século XIX, quando a arte se distancia da utilidade, ou da necessidade das sociedades tradicionais, ganhando autonomia.
Isso ocorre, conforme consideram Adorno e Horkheimer, porque a burguesia, rompendo as amarras da sociedade tradicional, favorece essa libertação que o artista usufrui em sua produção.
Por outro lado, livre para produzir, mas também inserido em uma sociedade de consumo, o artista muitas vezes se aproximará, por escolha, de tendências que favorecem o projeto de consolidação do Estado, contribuindo, com sua produção, para forjar uma identidade nacional.
Dessa relação entre Estado e arte surge o que se pode chamar de cultura oficial, que muitas vezes aproximou-se da cultura popular, tentando neutralizar sua diversidade e esforçando-se por revelar certa homogeneidade, a partir da qual o conjunto da sociedade pudesse ver-se refletido, sentir-se representado. Cultura e identidade, como se vê caminham juntas. Mas o que entender por identidade?
Ela é sempre uma construção simbólica que evidencia distinções entre o eu e o outro. A identidade de “A” é dada pelo conjunto de características que o distinguem de ”B”. Daí se pode deduzir qual a importância da definição