culinaria brasileira
A humanidade construiu ao longo do seu processo evolutivo um complexo sistema de símbolos, regras, significados, rituais e tradições em relação à sua alimentação. No entanto, embora a cultura alimentar esteja presente em todas as sociedades, essa apresenta particularidades entre cada povo, refletindo sua cultura e história. Sendo assim, a gastronomia se tornou um valioso instrumento de estudo para se refletir sobre as trajetórias de distintas sociedades e para compreender algumas questões que permeiam o universo das identidades.
Com o processo de homogeneização empreendido pela globalização, as fronteiras entre diferentes identidades culturais pareciam tender a ser cada vez mais difusas. Todavia, a globalização da cultura alimentar precisou se adaptar aos hábitos e tradições alimentares locais, firmando assim uma coexistência entre a gastronomia local e global. No exemplo da gastronomia paraense contemporânea se observa a assimilação da comida globalizada pela cultura local com a condição de que a primeira incorpore elementos e ingredientes da segunda para ser aceita pelos paraenses.
Embora possa parecer contraditório esse novo paradigma alimentar, ele reflete o caráter dinâmico, múltiplo e fragmentado das identidades culturais na época pós-moderna. Isto é, o indivíduo dessa época se define por um conjunto de identidades, pois cada uma dessas identidades tem sua forma particular de expressão, sem que se excluam. Portanto, comer local no almoço e logo depois comer global no jantar não implica contradição, mas simplesmente é a expressão de duas identidades diferentes que nos definem.
No entanto, esse processo suscitou a preocupação sobre o desaparecimento da diversidade cultural, provocando movimentos de recuperação e valorização de conhecimentos e práticas alimentares tradicionais, como um dos recursos para o fortalecimento e a afirmação identitária. Assim, surgem reflexões e o
reconhecimento