Crônica
Porém, tenho uma deficiência afetiva: dar-me bem com quem tem a Síndrome Gabriela (“Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim, vou ser sempre assim, Gabrieeeeela”), isso é, aquele tipo de pessoa rígida, com a cabeça fechada, “eu sou assim e me aguente!” e pior que sempre tentei aguentar, porque quero sempre respeitar as diferenças e conviver bem com todo mundo. Mas com esse tipo eu não consigo, me falta paciência, me sinto zangada e acabo sendo grosseira (característica que detesto). Isso não é narcisismo (tipo de personalidade que rejeita o que não é espelho), é simplesmente uma inabilidade social com esse grupo restrito.
Mas descobri uma coisa que me fez tão bem, descobri que não preciso me forçar a conviver com essas pessoas, posso sempre escolher quem é da minha turma – amigos que compartilham dos mesmos gostos musicais, dos mesmos ideais, gostam de ir para os mesmos lugares e viajar para os lugares que eu gostaria, enfim que tenham afinidades. Mesmo porque “a vida é muito curta para vivermos zangados” (do filme: A Outra História Americana). E aos desavisados que não gostam desse meu jeito inconstante: "só não muda quem não se relaciona com o mundo, não passou por nenhuma experiência amorosa, por nenhuma frustração. Só não muda quem não consegue racionalizar sobre o que acontece a sua volta, não se interessa pela condição humana, não é curioso a respeito de si mesmo, não se permite ser atingido pela arte e pelo pensamento filosófico..." ( trecho da crônica: Nasci Assim, Vou Morrer Assim - M. Medeiros).