Crônica

Fragmentos Existenciais
Um muro de concreto. Me sinto um muro de alvenaria caindo aos pedaços. Tento resistir, continuar em pé: o vento, bate, o sol esvanece a casca de tinta superficial que aplica-se sobre mim, a chuva escorre na minha superfície. Estou exposto aos martelos que me arrancam o pó.
Minha alma vive em uma redoma de vidro, observando o mundo inteiro passar em frente aos meus olhos. Tudo dentro da minha redoma parece vazio e sem graça, "sem cores", sem matizes de alegria. Estou dando pancadas nas paredes transparentes que me cercam, tentando me libertar. Não acho saída. Nada faz sentido.
Não encontro minha imagem em nenhum espelho, tudo o que eu consigo enxergar é um estranho. Um borrão de uma pessoa que eu julgava conhecer.
Entendi que por mais que a gente tente controlar tudo, no final quem acaba controlado somos nós. Porque eu ando e vejo milhares de pessoas flutuando em seus sonhos, corações descompassados e mentes barulhentas misturadas na mesma “essência do controle”.
Estou enfrentando a triste falta de orgulho, porque minha vontade é de realmente sair cumprimentando todos, sentir o brilho dos sorrisos alheios. Em nossa sociedade, sair distribuindo simpatia e “bom dia” para desconhecidos quase sempre é sinônimo de ser mal interpretado. Eu queria não ter que ignorar tantas faces no dia-a-dia. Parece até impossível, mas eu seria capaz de tentar. Todos nós estamos ocupados, preenchendo nossos espaços “pré-selecionados”.
Confesso que está difícil subir os degraus para alcançar o topo dos sonhos. Estou me agarrando ao céu para sobreviver, a esperança de dias melhores é minha amiga. Meu espirito já busca refúgio fora da realidade, enquanto a realidade torna-se mais agressiva, dia após dia.