Críticos da Razão Dualista
PPGE – Programa de Pós-Graduação em Economia
DOUGLAS DIAS
OS CRÍTICOS À RAZÃO DUALISTA: TRÊS INTERPRETAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO CAPITALISMO NO BRASIL
UBERLÂNDIA
2014
ENSAIO-RESENHA
Os críticos à razão dualista: três interpretações sobre a formação do capitalismo no Brasil
1. Introdução
O objetivo deste trabalho é tratar, de maneira sumária, das interpretações de Caio Prado, Ruy Mauro Marini e Francisco de Oliveira acerca da formação e desenvolvimento do capitalismo na América Latina - dando maior atenção às considerações feitas em relação ao caso brasileiro -, tentando estabelecer pontos de tangencia e divergência entre o pensamento desses autores. Como teóricos da vertente marxista, se destacam, principalmente, pelo desenvolvimento de um novo paradigma, o qual enxerga o desenvolvimento da estrutura socioeconômica brasileira como um processo peculiar, que muito pouco se assemelha ao desenvolvimento capitalista dos países mais avançados, e que, justamente por essa razão, deveria ser um problema tratado a partir de uma base teórica diversa daquela que vinha predominando nos principais círculos de pensamento do país desde os anos 1930. Na interpretação desses autores, a singularidade da formação do capitalismo no Brasil está estritamente ligada à forma pela qual este país se insere, desde o período colonial, no circuito de comércio internacional, funcionando como apêndice das economias centrais, fornecendo-lhes bens primários necessários para a continuidade de seu processo de acumulação.
Segundo Bresser (1982), Caio Prado e Francisco de Oliveira se classificam como pensadores de uma das vertentes de esquerda do país, chamada de interpretação “Funcional-Capitalista”, a qual tem como argumento central o fato de que “o Brasil sempre foi um país capitalista, ou então que o eventual pré-capitalismo aqui existente sempre foi funcional para a acumulação capitalista.” (BRESSER, 1982). Isto significa dizer, segundo essa