Crítica - O Alienista - Machado de Assis
Machado de Assis
Mateus William Tomaz Gebien
Língua Portuguesa – Carla
A literatura brasileira é mundialmente famosa por sua complexidade e riqueza vocabular e cultural, sendo algumas vezes extremamente enfastiante continuar por horas a fio tal leitura, mas O Alienista é curiosamente diferente de outras obras do mesmo autor, ou mesmo do que estou habituado a encontrar quando procuro por obras brasileiras. Contendo frases e trechos de simples entendimento, mas que fazem parar para refletir em vários momentos, tentando entender o motivo de tal ação dos personagens, principalmente de Bacamarte, dono da Casa Verde. Machado de Assis inaugurou sua fase realista com essa obra, demonstrando a todos o que viria a ser suas características a partir daquele momento para escritos, como análise psicológica e crítica social. Por ter pouco foco no enredo e pela superficialidade dos personagens envolvidos, é considerado um conto, e não uma novela como alguns críticos insistem em afirmar ser. Bacamarte segue com afinco e determinação suas teorias científicas e friorentamente as bota em prática não importando quem ele use para isso, sejam amigos, parentes próximos ou desconhecidos, estudando compulsivamente os diversos padrões neurais e comportamentais do povo de sua cidade interiorana, internando pessoas por até mesmo serem boas demais para sociedade, generosas demais, ou simplesmente, dentro dos padrões demais. Por fim ele percebe que a perfeição psicológica é algo não comum, e acaba tirando todos de dentro do hospício para se fechar lá e estudar a si mesmo, a única mente perfeita que ele tinha encontrado em anos de estudos. O livro tem um enredo cativante, mas não viciante, tendo como principal estímulo, o simples fato de querer saber que fim tomaria tal personagem com essa mente desvairadamente complexa. Momentos como o que ele interna sua própria esposa por amá-lo demais, são os que marcam a trama mostrando que não há limites para o estudo do tal homem.