Crítica e Utopia em Rousseau, Carlos Nelson Coutinho.
Para os pensadores do período histórico que começa no Renascimento e vai até o século XVIII, a sociedade aparece não como pressuposto, mas como um resultado, ou seja, fruto de um processo que tem como ponto de partida e fundamento permanente a existência de indivíduos ontologicamente isolados. Em Rousseau a concepção do indivíduo é distinta, para ele as determinações essenciais do homem enquanto homem (inclusive o pensamento racional, a linguagem articulada e o sentimento moral) não são atributos naturais, pré-sociais, mas resultam precisamente do processo de socialização.
2) Para Macpherson, Hobbes e Locke têm uma concepção comum dos indivíduos no estado de natureza. De acordo com o texto, quais os traços que caracterizariam tais indivíduos e em que sentido eles assim compreendidos expressariam uma concepção política liberal da sociedade e do Estado?
Machperson demonstrou em suas análises de Hobbes e Locke que o indivíduo natural com que esses autores trabalham, apresentam os traços possessivos do indivíduo específico da era burguesa. Não é casual que essa concepção do homem como um ser orientado “naturalmente” pelos seus interesses singulares e egoístas esteja na origem da concepção liberal de sociedade. Seres possessivos e autocentrados, os indivíduos se organizariam em sociedade apenas para melhor garantirem sua segurança pessoal e suas propriedades, ameaçadas no estado de natureza – o Estado ou o governo a regulamentar os conflitos forneceria o quadro no qual os indivíduos poderiam explicitar do melhor modo possível essa sua possessividade natural. Mesmo vivendo em sociedade, os indivíduos não perderiam os atributos que tinham em “estado de natureza”.
6) De acordo com o texto, de que modo Rousseau critica e diferentemente de Hobbes e Locke, pensou o que ele chamou de “o primeiro