Crítica do filme mar a dentro
Esse filme relata a história de Ramón que trabalhava como mecânico de navios e após um acidente no mar ficou tetraplégico, aos 25 anos. Pelos 29 anos seguintes ele lutou por seu direito à eutanásia ativa, porém seu pedido foi negado pela justiça. Ramón se considerava um peso a sua família, já que, seu sobrinho, sua cunhada e irmão estavam vivendo em função dele. Considerava a vida como uma obrigação. Na concepção dele, viver em cima de uma cama não era vida. Em todo o momento, ele se mostrou estar muito decidido e consciente do que queria. O que ele desejava era apenas exercer seu direito de propriedade sobre seu corpo, e dele dispor se assim o desejasse. Porém, será que temos realmente esse direito? E seus familiares que tanto o amavam, também sofreriam com sua falta? Será que é justo trocar um sofrimento por outro? Até que ponto vai nossa tolerância pessoal à dor e ao sofrimento? Será que é justo também mantê-lo vivo para postergar o sofrimento de seus familiares, enquanto Ramón vegeta em uma cama? Por outro lado, não podemos deixar de retratar a dor de seu pai ao ver seu filho Ramón pedindo pela morte todo tempo. O que seria menos injusto: manter seu filho vivo e ver todo o sofrimento ou viver com a dor de ter deixado seu filho tirar a vida dele?
A advogada se comoveu com sua história e foi tentar ajudá-lo. Será que ela agiu com ética profissional? Ou será que ela agiu meramente como vítima de um fim trágico muito parecido com o dele? Até que ponto dá para separar a advogada (profissional) da vítima de uma doença degenerativa (pessoal)? Será que ela foi ética quando se envolveu com seu cliente?
No filme, Ramón fez amizade com Rosa, uma mulher mãe de dois filhos, que parecia ser muito sofrida e triste. Ela se comoveu com a história de Ramón e se tornaram grande amigos. No início Rosa não aceitava e nem entendia o desejo de Ramon. Depois, ela agiu empaticamente e o ajudou a concretizar sua vontade. Será que ela agiu corretamente? Será que