Crítica da razão tupiniquim
A fim de esclarecer suas proposições, o autor enfatiza a necessidade de diferenciação entre os termos sério e o a sério ? o ser sério e o levar a sério. Sendo o primeiro, empregado a aquele que converge com a manutenção da ordem social vigente, o de espírito reacionário, o conservador, aquele se coisifica como objeto da seriedade. Já o segundo - a sério - é usado pelo filósofo como termo negador do estado de coisas socialmente admitido, possuindo natureza dinâmica e mutável. De acordo com Gomes, no intelectual brasileiro que discursa, triunfa, quase que invariavelmente, o sério ? expressão de uma classe privilegiada diante de uma multidão analfabeta - e no homem sério triunfa uma razão ornamental que o posiciona distante da realidade local que o cerca, das particularidades culturais às quais, querendo ou não, está inserido. Portanto, é em função dessa hegemonia no meio intelectual do ser sério em detrimento do levar a sério, que Gomes verifica e opõe-se ao triunfo da cultura formalística, que age de modo a impedir a