Crítica Arquitetônica
Apresentação
A definição de crítica arquitetônica, sua função e aplicabilidade são temas recorrentes entre os arquitetos. A discussão leva a conceitos diversos, que influenciam sobre a forma com que especialistas e leigos se relacionam com a práxis da arquitetura. Sobre a crítica arquitetônica em sua origem, Montaner1 descreve “uma total transformação do gosto e dos métodos de criação e de interpretação das artes, da arquitetura e das cidades.”. Em definição imediata sobre o tema, o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa conceitua a crítica como ”análise, feita com maior ou menor profundidade, de qualquer produção intelectual (de natureza artística, científica, literária, etc.)”. Partindo-se desse princípio, crítica arquitetônica seria o puro exame do objeto de arquitetura, desconsiderando-se o portador ou o contexto comunicativo. Comas² ressalta ainda a óbvia necessidade de fundamentação para a crítica e de uma base em argumentação plausível. A função elucidativa da crítica é recorrente entre os arquitetos. Roberto Segre³ afirma que o crítico serve “em sua função mais elementar, para ajudar as pessoas que não tem formação especializada a compreender e avaliar a arquitetura. Mas também os criadores necessitam do olhar do ‘outro’, ou seja, do observador crítico que descobre a essência estética ou cultural da obra.” Essa função é, portanto, dual no que tange à percepção da arquitetura – tanto influencia o criador, quanto o usuário.
O processo da crítica compreende três fases. A princípio, preocupa-se em descrever de forma apurada e clara o objeto estudado. Passa-se à interpretação do mesmo, à luz de paralelos históricos e segundo a disciplina e percepção do crítico. Enfim, formula-se uma autêntica avaliação acerca do objeto – a fase puramente crítica. Em síntese sobre a formação da crítica, Sekler4 afirma ser “o momento de ‘escolha absoluta’ quando o crítico não pode se fundamentar em nada exceto a soma total de sua consciência, a