Crítica ao filme lixo extraordinário

LIXO EXTRAORDINÁRIO

Segundo Santos (1974), intervenção nos remete à intromissão, interferência. Monteiro (1996) reitera que ela interfere na realidade do outro e a modifica. Foi isso que o artista plástico Vik Muniz produziu no antigo aterro sanitário Jardim Gramacho. “O momento onde uma coisa se transforma em outra é o momento mais bonito, é um momento mágico". Vik Muniz O documentário "Lixo Extraordinário" fala do projeto do artista plástico Vik Muniz, que para pô-lo em prática, frequentou o aterro sanitário do Jardim Gramacho por dois anos, para fotografar um grupo de catadores de materiais recicláveis e retratá-los com sua arte, com o lixo do próprio aterro. Seu objetivo era o de mudar a vida daquelas pessoas revertendo os lucros do trabalho para a comunidade.
As imagens mostram as montanhas de lixo, em que seres humanos, dividem o espaço com urubus e até mesmo com restos de corpos humanos ali despejados. O documentário apresenta o resto do que é descartado pelos que têm, em detrimento dos que não têm. Mostra os recicladores do aterro que viviam do resto e estão misturados a esse resto. A cena em que isso fica nítido é quando o aterro sanitário é visto à distância e não se tem a distinção do que é lixo e do que é gente. Os recicladores conhecem o preconceito, mas se orgulham do trabalho que realizam em relação às opções da prostituição e de ganho ilícito. Vik propôs um trabalho junto aos recicladores do aterro, conheceu o local e as pessoas de perto, se aproximou delas, escutou e observou, avaliou a realidade. Certamente se impactou com tudo o que viu, de forma negativa e positiva. Esses cuidados foram fundamentais para que o projeto ganhasse adesão dos recicladores. A equipe de Vick Muniz fotografou pessoas, elas se aproximavam para falar de suas vidas, do orgulho de estarem trabalhando ali, as pessoas foram receptivas e a equipe teve muito tato para aproximar-se delas. Para Montero (1994) é indispensável a familiarização de quem propõe a