CRÉDITO E A POSSIBILIDADE DE CONSUMO
Ao falar de poupança, nenhum entrevistado referiu-se às constantes contribuições feitas à Igreja, o que poderia dificultar a intenção de se fazer uma reserva financeira, ou mesmo de impedimentos de familiares por esta atitude. Alguns fiéis revelaram que muitas vezes não têm o dinheiro para cumprir com os "propósitos" financeiros feitos à denominação religiosa. Mas, conforme mencionado anteriormente, entre as diferentes contribuições financeiras, o dízimo é considerado uma obrigação que dificilmente deixa de ser cumprida. "No discurso e na prática da Universal, o pagamento do dízimo não é, de modo algum, voluntário, no sentido espontâneo. Pelo contrário, o dízimo é tratado como lei de Deus" (Mariano, 2003, p. 246). Para os fiéis, a crença é que o pagamento do dízimo pode conduzir a uma reversão na situação de dificuldades e bênçãos de prosperidade.
Observei que a Igreja busca orientar os fiéis para não fazerem dívidas além da condição que possuem para quitá-la, assim como empréstimos. Por exemplo, uma matéria da Revista Plenitude(2003, p. 16-17), intitulada "Saia da lista de devedores: caminhos para limpar nome na praça e recuperar crédito", traz a seguinte abordagem:
Se o Brasil sofre para pagar a dívida externa, que dirá o cidadão brasileiro, respeitando as proporções, é claro. Tantas despesas – compromissos atrasados, emissão de cheques sem fundos, dívidas no cartão de crédito e alta de juros para pessoas físicas [...] têm levado nomes de inadimplentes para o cadastro de serviços de proteção ao crédito (SPC). Com o nome sujo, a pessoa não obtém financiamentos, não abre contas, não retira talões de cheques, corre o risco de ter a conta corrente cancelada e não pode assumir cargos públicos. Então pense bem antes de emprestar o nome a terceiros e ser avalista. Este é outro aspecto que contribui para a inadimplência.
Isso, inicialmente, pode parecer uma ambiguidade ou superposição de concepções das ideias, já que as