cruzada
Todos os principais personagens da película realmente existiram, mas a exemplo do que fez em Gladiador, Scott mistura fatos históricos, datas e inclui personagens fictícios e licenças poéticas na trama. O resultado é interessante, mas pouco inovador. Sempre à sombra do General Maximus, o diretor repete planos e clichês exaustivamente. A chegada de Balian de Ibelin à Jerusalém, por exemplo, é cópia carbono da entrada do personagem de Russel Crowe em Roma no filme de 2000. As batalhas também usam os mesmos artifícios: cortes velocíssimos, câmera tremida, muita terra e sangue no ar. A grande diferenciação acontece mesmo na batalha de Hittin (1187), que culmina no cerco às muralhas de Jerusalém, mas aí tudo parece demais com O Senhor dos Anéis.
Os discursos heróicos que encharcam esse tipo de produção também escorrem aos borbotões. Mas pelo menos um deles tem enorme razão de ser: o diálogo entre Saladino e Balian no final do filme. Há registros históricos de que ele realmente aconteceu e que teve aquele teor.
Incomoda também o fato do simples ferreiro, sem qualquer treinamento formal, ser capaz de manobras de guerra dignas de um Eisenhower. Mas se o roteiro não ajuda por esse lado, Orlando Bloom, pelo menos, não atrapalha. Em momento algum o contido Legolas de O Senhor dos Anéis e o ferreiro de Piratas do Caribe tenta aparecer mais que seu personagem. A grandeza fica por conta dos atores que interpretam nomes imortais da História. O sírio Ghassan Massoud, por exemplo, surge imponente como Saladino, obviamente o personagem preferido do diretor. Eva Green (a Isabelle de Os Sonhadores) mais bela do que nunca como Sybilla, a princesa irmã de Baduíno IV, também se esforça, mas a história de amor que ela protagoniza - obrigatória em Hollywood - resulta dispensável.
De qualquer forma,