GUERRA SANTA EM PAÍS CRISTÃO”: A CRUZADA ALBIGENSE* Era o dia 22 de julho de 1209, ou, como os escritores medievais preferiam dizer seguindo o costume do tempo, o dia da festa de Santa Maria Madalena. Um grandioso contingente de cavaleiros armados, vindos do Norte da atual França, da atual Bélgica, da atual Alemanha e da Inglaterra cercou a cidade de Béziers. Falava-se de vinte mil cavaleiros equipados e mais de duzentos mil guerreiros a pé. Exagero evidente quando se sabe que, naquele tempo, as guerras não envolviam mais de cinco mil combatentes. Exagero compreensível quando se tratava de relatar um evento destinado a glorificar as coisas da fé! O objetivo das tropas não deixava qualquer margem de dúvida: derrotar os hereges que pululavam nas cidades e fortalezas situadas no Viscondado de Béziers e Carcassonne e no condado de Toulouse. Entre os que tomaram a cruz de Cristo para lutar em seu nome estavam importantes feudatários do rei Filipe Augusto, como Eudes III, duque da Borganha, Hervé IV, conde de Nevers e Gaucher de Chantillon, conde de Saint Pol. Havia também representantes da elite eclesiástica do tempo: o arcebispo de Sens e o arcebispo de Bourdeaux, os bispos de Autun, de Clermont e de Nevers, os bispos de Cahors e de Agen. Depois, alinhavam-se os grandes barões e destacados cavaleiros, entre os quais Guilherme de Roches (senescal de Anjou), o conde de Bar-sur-Seine, Gaucher de Joigny, Guichard de Beaujeau; ou senhores feudais menos poderosos, como o conde Simão de Montfort, o conde Gui de Auvergne, o visconde de Turenne, Bertrand de Cardaillac e o senhor de Gourdon. O exército compunhase ainda de vassalos dos senhores eclesiásticos e laicos assinalados, de mercenários e guerreiros a pé. Todos eram liderados pelo legado papal de Inocêncio III chamado Arnaldo Amauri. A exigência dos “cavaleiros de Cristo” era uma só: que os moradores de Béziers - a primeira cidade a ser atacada - entregassem os hereges que ali encontravam guarida. O bispo local