critica
SERGIO ALPENDRE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
16/08/2013 03h19
Baseado em texto de Nancy Jo Sales para a "Vanity Fair", "Bling Ring - A Gangue de Hollywood" é o quinto longa de Sofia Coppola.
O filme, como a reportagem, mostra adolescentes de Los Angeles obcecados pela fama. Num surto de loucura e irresponsabilidade, eles invadem casas de famosos que estão fora da cidade -pesquisando na internet o melhor momento para a ação.
Entrar nas mansões não é problema para eles, tampouco levar pertences de seus alvos. Da mesma forma, ignoram a possibilidade de serem descobertos e condenados.
O que pensam esses jovens? Põem fotos no Facebook com os objetos roubados e contam suas estripulias. Se apanhados, terão seus minutos de fama.
Sofia Coppola retrata muito bem o mundo dos adolescentes burgueses de Los Angeles (e dos adolescentes em geral): o encanto com o pop e o gangsta rap, a tendência a beber e se drogar, o desprezo por instituições e, sobretudo, o vício de interagir com outros internautas.
O cotidiano desses jovens é mostrado como num documentário, de maneira observacional e sem julgamento. O que ela procura é entender.
A personagem mais interessante é a de Emma Watson, Nicki. Fútil e inconsequente, está a quilômetros de distância de Hermione, personagem que revelou Watson na série "Harry Potter". Quando detida, deleita-se com os momentos de fama e com a "sorte" de ter dividido cela com a atriz Lindsey Lohan.
A educação dada pela mãe de Nicki às filhas é uma versão cor-de-rosa da família repressora de "As Virgens Suicidas" (1999); e o quase romance entre os jovens Marc (Israel Broussard) e Rebecca (Katie Chang) é a versão teen do relacionamento inconcluso entre Bill Murray e Scarlett Johansson em "Encontros e Desencontros" (2003).
Se "Bling Ring" está abaixo dos filmes que revelaram o talento da cineasta, ao menos demonstra certa recuperação após o modorrento "Um Lugar