Critica HER
Na primeira cena, Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), uma espécie de Charlie Brown de carne e osso, aparece compondo uma linda declaração de amor que logo descobrimos ser apenas parte do seu trabalho. Twombly é funcionário do BeautifulHandwrittenLetters.com, um site que, como diz o nome, manda lindas cartas manuscritas para seus clientes que desejam agraciar alguém. Dividindo o dia entre o tal ofício, pornografia na internet, partidas de vídeo-game e rápidos encontros com alguns amigos, este melancólico protagonista tenta esquecer sua ex-esposa (Rooney Mara), com quem manteve uma longa relação, até que conhece (instala?) Samantha: um sistema operacional pelo qual ele irá se apaixonar.
O primeiro encontro entre Theodore e Samantha
Ambientado numa Los Angeles futurista, Ela (Her) é um profundo estudo sobre as relações humanas, sobre as transformações que sofremos pelo meio tecnológico e sobre o vazio que eventualmente pode vir nos abraçar por um tempo.
Fugindo completamente de uma estética recheada de neons ou telas holográficas, o visual adotado por aqui, repleto de tons pasteis, é bem inspirado naquela América dos anos 30 assolada pela grande depressão (detalhe que ajuda a espelhar o interior dos personagens da trama). Este esmero da produção em não datar o filme (e dar aquela pitada de estilo) faz com que o aparelho que serve como “perna” para Samantha não roube a atenção para si, sendo, com seu jeitão Deco, bem diferente de qualquer smarthphone que nos acompanhe hoje.
Porém, a (excelente) parte técnica de Ela se torna apenas um detalhe quando colocada de frente com o grande atrativo do filme: o roteiro e toda a avalanche de pensamentos e sentimentos que ele pode gerar em cada um de nós.
Passeios na praia e discussões Darwinianas
Apesar de trabalhar num local especializado em produzir cartas