Critica - Febre do Rato

O filme se passa em um bairro pobre do Recife onde o ator principal, o poeta Zizo, edita um periódico de caráter revolucionário tratando das mazelas em que está inserido no seu cotidiano. Não fica claro no filme o nível escolar que o personagem teve, mas claro está que o seu posicionamento crítico se desenvolve através da prática do cotidiano, indo de encontro à ideia que apenas com embasamento teórico pode-se criticar a realidade.

O personagem critica a ideia de liberdade, em todos os âmbitos da vida social, utilizando o sexo como expressão de que cada um deve ter sua liberdade de escolha no meio em que vive, expandindo essa ideia para todos os critérios da vida cotidiana, deixando claro nas cenas de militância sua identidade com o proletariado, mesmo não estando inserido no mercado formal. Ele cria sua identidade no meio em que vive e se reconhece nos indivíduos que vivem ao seu redor e fazem parte ativamente do seu cotidiano.

Para além disso, contando com a participação de outros personagens, o filme questiona a presença do Estado enquanto provedor de políticas públicas e a polícia como aparelho repressor, o tabu do sexo, a utilização de drogas e álcool, as questões políticas e fundamentalmente a arte como expressão da realidade. Questiona também, sutilmente, a ideia de relacionamento conservador quando personagens vivem relacionamentos abertos, entre homens e mulheres e, um casal onde um homem é casado com uma travesti e esta aparenta não seguir a fidelidade, como prevê o relacionamento conservador. Este ultimo casal se vê questionando o conservadorismo e machismo da sociedade brasileira uma vez que vivem felizes como são, mas possuem valores machistas arraigados dentro de si.

É um filme belíssimo e político, que exprime a realidade das contradições da sociedade brasileira no âmbito familiar e social de forma geral. Gera o questionamento sobre essas questões e demonstra que, para além do pensamento de que todos devem se adequar a uma determinada