Cristiano nery
Cultura digital e geolocalização: a arte ante o contexto técnico-político
Karla Brunet*
Juan Freire**
Resumo: A geolocalização e a cartografia se converteram em uma das práticas mais comuns na cultura digital. Os mapas digitais são interfaces dinâmicas pessoais que mediam as relações com nossas redes sociais e o território. Usuários e artistas trabalham com mapas graças à disponibilidade de serviços e tecnologias como Google Maps/Earth ou GPS em dispositivos móveis, que seguem em mãos de governos e corporações que controlam sua acessibilidade e condições de uso. Ainda que a maior parte dos projetos artísticos baseados em geolocalização passam por alto estas circunstâncias, aqui revisamos algumas iniciativas que supõem uma crítica destes condicionantes e discutem alternativas abertas, independentes e sustentáveis.
Palavras-chave: geolocalização, digital, mapas, mídia locativa
1. Introdução
O desenvolvimento de aplicações e serviços de geolocalização de usuários e objetos, que podíamos englobar dentro da web 2.0, permitiu o surgimento e popularização de diversas práticas digitais. Os exemplos são diversos, mas poderíamos citar desde a geolocalização de fotografias em Flickr[1], Picassa[2] ou Panoramio[3] até o recente aparecimento da geolocalização em redes sociais, que se popularizou com a aparição de Foursquare[4]. Estes desenvolvimentos fazem sentido pela evolução paralela do hardware, dos dispositivos móveis de todo tipo que incluem capacidades de geolocalização e que permitem registrar o trajeto espacial de uma pessoa.
Os usuários de tecnologias digitais baseadas em geolocalização necessitam de três elementos essenciais: sistemas de posicionamento, infra-estrutura de dados