Crises febris
1. Introdução
As convulsões febris, ou atualmente referidas como crises febris, são definidas como crises convulsivas ocorrendo em crianças entre 1 mês e 5 anos de idade, sendo raras antes dos 6 meses, apresentando quadro de febre, mas sem histórico de desordens neuropsiquiátricas, e sem doenças neurológicas concomitantes.
A primeira crise ocorre em média entre os 18 e os 22 meses, podendo ser do tipo simples ou complexa. No primeiro caso ocorre uma única crise tônico-clônica generalizada, em duração de cerca de cinco minutos. Já os casos complicados ou complexos são considerados quando ocorrem com duração maior que quinze minutos e/ou recorrência em menos de vinte e quatro horas e/ou com manifestações neurológicas pós ictais (após o restabelecimento das funções cerebrais normais).
São o problema neurológico mais comum na infância, representando cerca de 50% das convulsões na faixa etária.
2. Epidemiologia
A incidência de convulsões febris (CF) varia de 2% a 5%, apesar de alguns estudos demonstrarem áreas com até 14% de crianças acometidas. Para o Brasil, estima-se que CF ocorra em cerca de 4% das crianças.
Quanto à possibilidade de recorrência, estima-se que 70% dos acometidos apresentem apenas um quadro de CF ao longo da vida. Outros 20% apresentarão um segundo episódio e, os 10% restantes, terão crises recorrentes. Observa-se uma tendência dos quadros mais severos surgirem mais precocemente.
A relação entre crianças com CF e a possibilidade de desenvolvimento de epilepsia já foi motivo de grande discussão. O tratamento profilático já foi amplamente indicado e utilizado. Atualmente não se tem uma relação clara entre as duas entidades, sendo possível observar que crianças com CF têm chance de desenvolvimento de epilepsia apenas ligeiramente maior que a população geral, situando-se entre 2% a 7%. Já quando se consideram apenas os quadros de crises complexas, focais, prolongadas e