Crise no Brasil part 1
Combater a impunidade e o risco moral é, certamente, um aspecto do desenvolvimento institucional. Neste sentido, os gregos provocam nos brasilei- ros o sentimento de inveja!
No que se refere às lições que podemos aprender com os gre- gos, vale destacar que não há nada de novo. De fato, o que ocorre na Grécia atualmente é um fenômeno bastante conhe- cido no Brasil e no restante da
América Latina. Ou seja, hou- ve aumento extraordinário do passivo externo que levou a per- cepção de risco a níveis críticos.
Nenhuma novidade para nós, inclusive no passado recente!
Quanto ao presente e ao fu- turo do Brasil, a questão-chave é, mais uma vez, o passivo ex- terno. A estratégia e a políti- ca econômica do governo Lu- la tem implicado crescimento do passivo externo do país. Dé- fi cit de transações correntes de
US$ 60 bilhões em 2010 signifi - ca um aumento não desprezível do passivo externo. Esta é uma cessão de direitos que envolve fl uxos de pagamento de juros, lucros e dividendos. Durante o governo Lula houve crescimen- to elevado do passivo externo e destes fl uxos e, portanto, maio- res necessidades de fi nancia- mento externo. Este é um pro- blema estrutural e, certamente, fará parte da “herança maldita” do governo Lula.
Cabe, ainda, chamar atenção para os mega-projetos de gas- tos públicos associados a even- tos como Copa do Mundo de futebol em 2014 e Olimpíadas em 2016. Parte da crise da Gré- cia é explicada pelos gastos ex- traordinários provocados pe- las Olimpíadas em Atenas em
2004. Há alta probabilidade que o Brasil cometa os mesmos er- ros dos gregos (endividamento interno e, principalmente, ex- terno). O risco é alto de quebra das fi nanças públicas e do siste- ma fi nanceiro brasileiro no pós
2014-16. Fica o alerta porque a consequência é o país entrar em mais uma longa trajetória de instabilidade e crise. Portan- to, não podemos errar como os gregos. Não podemos “errar, er- rar de novo,