Crise internacional
Chegou ao fim o século XX, descrito pelos apologistas mais entusiasmados como o "século americano". Essas opiniões se manifestam como se não houvesse ocorrido a Revolução de Outubro de 1917, nem as Revoluções Chinesa e Cubana, nem as lutas pela libertação colonial das décadas seguintes, isso sem mencionar a humilhante derrota dos Estados Unidos no Vietnã. De fato, os defensores acríticos da ordem estabelecida antecipam confidencialmente que não apenas o século XXI, mas todo o próximo milênio está destinado a se conformar às regras incontestáveis da "Pax Americana". Ainda assim, a verdade é que as causas profundas, subjacentes aos grandes terremotos sociais do século XX acima mencionados - aos quais se poderia facilmente acrescentar outros, tanto positivos quanto negativos, como as duas guerras mundiais, não foram solucionadas pelos acontecimentos subseqüentes, não obstante o enorme realinhamento das forças favoráveis ao capitalismo durante a última década. Pelo contrário, a cada nova fase de protelação forçada, as contradições do sistema do capital só se podem agravar, trazendo consigo um perigo ainda maior para a própria sobrevivência da humanidade (ANTUNES, 2011).
O fim da Guerra Fria permitiu que forças até então "abafadas" pelo conflito ideológico emergissem e passassem a ser decisivas para a compreensão da ordem internacional. Para alguns analistas, o fenômeno mais notável é a "ressurreição" de formas nacionalistas, de base étnica; para outros, o que se revela é a fragilidade do capitalismo americano, cuja saúde era sustentada pela doença do armamentismo (Gar Alperovitz) ou a violência das desigualdades (Chomsky); ainda outros chamam atenção para a importância de atores paraestatais, como as ONGs etc
Deixando de lado as interpretações sobre as forças profundas, outra hipótese possível nas reflexões no imediato pós-guerra Fria retomaria a análise dos jogos puros de poder, em que a dinâmica da balança de poder é a chave central para a