Crise Asiática
Henrique Altemani de Oliveira
Introdução
A crise econômica asiática foi um evento de proporções incalculáveis no pósGuerra Fria, levantando a possibilidade, de um lado, de eclosão de tensões e conflitos internacionais e, de outro, de crises políticas e sociais nos diferentes países.
Enquanto a confiança no milagre econômico asiático foi seriamente abalada, surgiram e ampliaram-se questionamentos sobre os benefícios da globalização e da interdependência econômica, com sérias críticas ao papel do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e crescimento de um sentimento anti-ocidental, com uma relativa centralização no papel dos Estados Unidos.
Ainda que tenha ocorrido rapidamente e sem muitas sinalizações, apresentase relativamente simples definir suas implicações a longo prazo. No entanto, o problema é que a quase totalidade das análises atêm-se exclusivamente no plano econômico, sendo que, na nossa perspectiva, negócios na Ásia não ocorrem e nem podem ser analisados num vácuo político, social e até mesmo estratégico.
Neste sentido, grosso modo, pode-se aventar a hipótese de que a crise atinge um ponto fundamental da estabilidade estratégica do pós-Guerra Fria na ÁsiaPacífico : a coesão regional através do processo de desenvolvimento econômico.
Complementarmente, pode-se também raciocinar que a China emerge relativamente fortalecida da crise.
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Texto apresentado no Seminário Dissonâncias Sino-Japonesas diante da Crise Financeira Asiática. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, São Paulo, 17 de Setembro de 1999.
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No plano mais genérico, a crise dos mercados financeiros teve como resultado mais imediato o fato de abalar as perspectivas de um século XXI voltado para a manutenção de um clima pacífico e próspero em decorrência da existência de mercados livres sem fronteiras, numa economia internacional globalmente integrada.
A comunidade internacional, às vésperas do século XXI, está