O projeto genealógico (Machado de Oliveira, Cristina G.) Podemos caracterizar a filosofia de Nietzsche como uma filosofia do valor, sem deixar de salientar a sua dimensão crítica, e principalmente, o seu questionamento quanto aos valores e ao valor dos valores. "Nietzsche rejeita o pretenso caráter em si dos valores, o postulado metafísico entre valor e realidade: os valores são históricos, sociais, produzidos" ( MACHADO, Roberto. Nietzsche e a verdade.p.96) Ele faz uma crítica a exacerbação da razão, afirmando que não existe binômio na realidade, rejeita o valor em si como sendo uma realidade, isto é, como havendo uma relação entre valor e realidade. Afirma que o valor mais importante, na tradição, é a razão, o que constitui um problema, pois enfraquece o homem devido a dicotomia dos valores. Portanto, pode-se perceber que Nietzsche é contra o platonismo da filosofia, pois, para ele, é a doutrina dos dois mundos, em que o mundo sensível e mutante é o da aparência e o mundo supra sensível e imutável é o verdadeiro. Ele assume duas posições para refutar o platonismo: tanto inverter quanto superar a oposição de valores. "O mais importante porém é que, em qualquer um dos casos, a característica fundamental do projeto de transvaloração é opor aos valores superiores, e mesmo a negação desses valores, a vida como valor, propondo a criação de nossos valores, que sejam valores da vida, ou melhor, propondo a criação de novas possibilidades de vida" ( idem,p.98) Assim, Nietzsche desloca a questão platônica, pois ele questiona o querer a verdade, a origem da vontade de verdade e através disso opera uma genealogia da vontade da verdade. A questão não é a origem da verdade e nem o valor da verdade, mas a origem e o valor da vontade de verdade. Desse modo, iremos ter a inversão dos valores, e a partir da genealogia o aniquilamento do pensamento dicotômico e o surgimento do pensamento múltiplo. A proposta nietzscheana é levar o instinto de conhecimento através da genealogia para