Criatividade, Inovação e Controle nas Organizações.
Criatividade, Inovação e Controle nas Organizações.
Autoria: Maria Cristina Sanches Amorim, Ronaldo Frederico
Resumo
A criatividade, característica da força de trabalho, e a inovação, resultado da criatividade na forma de mercadoria, são imprescindíveis para a acumulação capitalista. A criatividade é imaterial, não mensurável em termos de trocas relativas, enquanto que a inovação assume a forma de processos ou produtos. As organizações, diante da necessidade de apropriação da criatividade, desenvolvem controles crescentemente intensos, nas intermináveis relações de poder e contra-poder. O objetivo desse artigo é discutir criatividade e inovação nas organizações como foco privilegiado do controle sobre a força de trabalho quando se trata da produtividade do trabalhador não repetitivo. Pretendendo-se um ensaio teórico, a metodologia consistiu na revisão da literatura marxista e suas interlocuções com Foucault, e também na crítica de parte da bibliografia voltada para o management , segundo a qual, autonomia e liberdade são bases para a criatividade. Nossas considerações finais apontam que enquanto aumenta a taxa de inovação, são ampliadas simultaneamente a dominação e a subsunção do capital sobre o trabalho, a alienação dos ditos “executivos” e o acirramento da ética individualista.
1 – Introdução
As relações entre criatividade, inovação e desenvolvimento econômico são crescentemente discutidas em virtude da importância do conhecimento no processo produtivo capitalista contemporâneo. No mundo do management, organizações e profissionais são estimulados a criar ambientes propícios à criatividade, ou à inovação, sem no entanto, mostrar que em nome de maiores taxas de inovação, intensificam-se os instrumentos de controle sobre o processo, o resultado e a força de trabalho. Interessa-nos discutir criatividade e inovação nas organizações como foco privilegiado do controle sobre a força de trabalho, que tem por finalidade última ampliar o retorno