Criatividade: Desafios ao conceito
Maria de Fátima Morais (Universidade do Minho, Portugal)
Após estabelecermos alguns elementos consensuais face à questão do que se pode entender por criatividade, essencialmente identificaremos desafios que tal conceito tem vindo a colocar. Emergirão assim a) desafios inerentes à ambiguidade de polémicas conceptuais com implicações práticas; b) desafios para a irradicação de mitos prejudiciais à promoção de criatividade no quotidiano; c) desafios para a gestão de riscos e de potencialidades ns domínio da avaliação. Pretendem ser desafios transversais a variados contextos de vida, face aos quais os leitores, na sua diversidade, se identifique. Pretendem ser ainda desafios abordados genericamente (apenas identificados) com o objectivo de partilhar preocupações que sensibilizem o leitor para o questionamento acerca de uma competência de quase sobrevivência no século XXI.
Introdução
O que se pretende com este texto não é divulgar ou comentar resultados de um trabalho teórico ou empírico específico. O objectivo, neste espaço potencialmente amplo e heterogeneo de uma conferência, será essencialmente o de artilhar ou sistematizar pistas para pensar. Assim, tentarei partilhar o que entendo por criatividade e depois sistematizar alguns desafios que nos rodeiam face a esse conceito – desafios simultaneamente antigos e actuais.
Falar de criatividade é – tem sido há décadas – difícil. Por um lado, é algo que se vem explicitando como cada vez mais imprescindível. De acordo com preocupações de P. Torrance, em 2002, de que o estudo da criatividade deveria sair do predomínio dos USA e de se apostar cada vez mais na multiculturalidade neste domínio, há dois anos foi o Ano Europeu da Criatividade e Inovação; temos, por seu lado, vindo a assistir à aposta na criatividade por parte de Governos tão distintos como Inglaterra 9
(veja-se o relatório em 1999 do NACCCE sobre orientações criativas na Educação, comité que não sendo