Crianças da natureza
Sempre acreditamos que a Terra seria uma eterna fonte de recursos naturais de que o ser humano necessita para criar bens materiais e imateriais. Hoje sabemos que nada disso é verdade, vários estudos revelam isso. E como faremos para que meninos e meninas se livrem deste pensamento deixado pela sociedade consumidora?
Nessa situação de emergência que a Terra vive no momento, não basta que pessoas que farão parte de nosso futuro aprendam sobre os princípios da democracia, da cidadania, do respeito aos direitos e às diferenças entre nós, seres humanos. É de fundamental importância que eles aprendam a cuidar da Terra. Mas como ensinar nossas crianças a cuidar numa sociedade que submete os indivíduos aos interesses do mercado, mobilizando as energias sociais para a produção e a acumulação? E, como ensiná-las a amar e preservar a natureza?
Hoje, creches e pré-escolas tem um papel fundamental para aprender-ensinar, pois são espaços privilegiados e é aqui que as crianças colhem suas primeiras sensações e impressões do viver. Neste sentido, dimensões culturais e ambientais devem estar absolutamente acopladas.
As crianças serão os novos membros de uma espécie que se renova há milhões de anos na Terra. Elas são seres da nossa natureza e da nossa cultura, e com desenvolvimento pleno e bem estar social depende de interações com o universo natural de que é parte. Elas só se constituirão como sujeitos de seus corpos e de seus movimentos, se forem sujeitos dos espaços naturais e sociais onde vivem e convivem. Além disso, necessitam de um convívio com o mundo natural, e este convívio não é uma opção de cada professor ou professora, é um direito.
Serão apontados três objetivos para um projeto pedagógico compromissado com a preservação da vida: a) religar as crianças com a natureza; b) reinventar os caminhos de conhecer; c) dizer não ao consumismo e ao desperdício. O primeiro nos convida a um novo olhar à natureza, como fonte