Crianças abandonadas
Ultimamente somos surpreendidos por notícias inquietantes, que se multiplicam em muitas interrogações.
Há alguns que acham que criança abandonada tornou-se normal, outros declaram indignações. Mas, pouca ou nenhuma iniciativa que seja na busca da solução do problema foi tomada. Existe um mito do amor materno que nos impede de examinar com objetividade e clareza a questão para que possamos encontrar as soluções necessárias e adequadas para tal quadro, que retrata uma realidade social crônica, grave, mas que só vem à tona quando bebês boiam em lagoas ou aparecem em cano de esgoto.
Enquanto isso, a mídia acredita dar conta de seu papel social entrevistando mães que vivem com numerosos filhos, mulheres que esperam há anos pela adoção e outras que se sujeitam aos processos dolorosos da fertilização assistida para tentar ter essa experiência, dita, incomparável. Em contraste, com as atitudes de abandono, essas experiências reforça, o estigma que recai sobre a mãe quase assassina “ abandonante”, que contraria as “leis naturais” cuja “monstruosidade” não merece compreensão.
Ninguém pergunta a elas o que as leva a tomar essa decisão. A respeito das que abandonam os filhos, ou mesmo daquelas que, embora com muita dor, entregam-nos em adoção, constroem-se hipóteses, especula-se, critica-se, julga-se e condena-se, mas poucos querem se aproximar, ouvir e, efetivamente, saber.
Ouve-se dizer que a melhor maneira de resolver o problema do menor, é a adoção. Entretanto, é necessário desvendar um pouco o que se oculta nessa lógica aparentemente irrefutável e nessa boa vontade aparente.
Na verdade, a grande maioria das crianças pobres, cujo número atinge, de fato, milhões, não são abandonadas, mas, vítimas, com suas famílias, do modelo de desenvolvimento vigente no país e do agravamento da crise social marcada pela recessão, pelos baixos salários e pelo desemprego. N ao se trata de rejeição ou negligenciados pais biológicos, mas da impossibilidade de