Crescimento em portugal
Ao fim do jantar, na Rua de S. Francisco, Ega, que se demorara no corredor a procurar a charuteira pelos bolsos do paletó, entrou na sala, perguntando a Maria, já sentada no piano:
-Então, definitivamente, Vossa Excelência não vem ao sarau da Trindade?...
Ela voltou-se para dizer, preguiçosamente, por entre a valsa lenta que lhe cantava entre os dedos:
-Não me interessa, estou muito cansada…
-É uma seca – murmurou Carlos do lado, da vasta poltrona onde se estirara consoladamente, fumando, de olhos cerrados.
Ega protestou. Também era uma maçada subir às pirâmides do Egipto. E no entanto sofria-se invariavelmente, porque nem todos os dias pode um cristão trepar a um monumento com cinco mil anos de existência… ora a sr.ª D. Maria, neste sarau, ia ver por dez tostões uma coisa também rara – a alma sentimental de um povo exibindo-se num palco, ao mesmo tempo nua e de casaca.
-Vá, coragem! Um chapéu, um par de luvas, e a caminho!
Ela sorria, queixando-se de fadiga e preguiça.
-Bem – exclamou Ega – eu é que não quero perder o Rufino… Vamos lá, Carlos, mexe-te!
Resumo:
Ega convida Maria Eduarda a ir ao sarau no teatro Trindade, mas esta recusa, alegando que está cansada. Carlos também recusa, dizendo que «é uma seca». Ega encoraja-os, dizendo que poderiam ver, por 10 tostões, uma coisa rara: a alma sentimental de um povo exibindo-se num palco. Maria Eduarda e Carlos continuam com preguiça, mas Ega diz a Carlos para se mexer, pois não queria perder o Rufino.
Expressividade:
Carlos e Maria Eduarda não querem ir a um acontecimento importante pelo simples facto de terem preguiça. Até lhes interessa, mas a preguiça vence. É o que acontece com muitos de nós. Preferimos ser preguiçosos a fazer actividades que seriam importantes para