Credito rural
Carlos José Caetano Bacha* Leonardo Danelon** Egmar Del Bel Filho***
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar a evolução da taxa de juros real cobrada no crédito rural no período de 1985 a 2003 e calcular o quanto a agropecuária pagou de juros para o sistema bancário. O trabalho coleta as séries de taxas de juros nominais para cada uma das fontes de recursos disponibilizados para o crédito rural e pondera-as pelos respectivos volumes aplicados de recursos, obtendo a taxa de juros média nominal. Esta última foi, posteriormente, descontada da taxa de inflação para gerar a taxa de juros real. Dois indicadores de inflação são utilizados: o IGP-DI (FGV) e o INPC (IBGE). Como esperado, mudando a medida de inflação, obtêm-se taxas de juros reais distintas. A segunda metade da década de 1980 e os dois primeiros anos da década de 1990 presenciaram taxas de juros reais negativas, mas no restante do período predominaram taxas de juros reais positivas. Considerando o IGP-DI como deflator dos juros nominais, constata-se que, no período de 1985 a 1991, a agropecuária recebeu subsídios de R$ 14,37 bilhões (a preços de agosto de 1994), correspondendo a 4,24% do PIB da agropecuária. No período de 1992 a 2003, a agropecuária pagou juros reais de R$ 8,11 bilhões (a preços de agosto de 1994), correspondendo a 1,52% do PIB da agropecuária. Apesar disso, a agropecuária teve grande crescimento nos últimos 12 anos do período estudado, passando sua participação de 6,2% do PIB brasileiro em 1992 para 9,4% em 2003. Palavras-chave: crédito rural, taxa de juros, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
Crédito rural são os recursos oferecidos pelo sistema bancário à agropecuária, sendo que parte expressiva desses recursos segue as normas fixadas pelo Sistema Nacional
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Professor Titular da Esalq/USP. E-mail: cjcbacha@esalq.usp.br. Bacharel em Ciências Econômicas pela Esalq/USP. E-mail: ldanelon@ig.com.br