Cracolandia sp
21/01/2012 - 11:28IMPRIMIRCOMPARTILHARinShare
Cracolândia: uma terra sem pai
No jogo político de empurra, a discussão sobre soluções para a explosão do consumo do crack no país e o combate ao uso da droga mais devastadora das últimas décadas descamba para o discurso simplista: a busca por culpados
Bruno Huberman Usuários de droga na Rua Helvétia, na região da cracolândia, em 13 de janeiro (Apu Gomes/Folhapress)
"Não existe um culpado pela Cracolândia. Não dá para dizer que é culpa de uma única gestão, porque todas foram negligentes e não souberam enfrentar o problema"
Marcelo Ribeiro, psiquiatra e professor da Unifesp
O crack virou o assunto da vez nos primeiros movimentos da corrida eleitoral à prefeitura de São Paulo. A discussão ganha destaque desde a operação de repressão ao consumo da droga na Cracolândia, iniciada no último dia 3. E tem contornos eleitorais cada vez mais definidos.
Enquanto políticos empurram a paternidade do problema uns para os outros e não apresentam soluções efetivas para conter a explosão da droga, especialistas afirmam que não há como apontar um único responsável. A ausência de dados e registros oficiais dificulta ainda mais a compreensão exata do problema.
"Não existe um culpado pela Cracolândia. Não dá para dizer que é culpa de uma única gestão, porque todas foram negligentes e não souberam enfrentar o problema", resume o psiquiatra e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Marcelo Ribeiro.
Na última segunda-feira, um dos pré-candidatos do PSDB, Andrea Matarazzo, acusou o PT de "consolidar" a Cracolândia em São Paulo. "O PT consolidou o crack na região da Luz durante os anos de gestão deles na prefeitura e hoje vem reclamar que está sendo feito tudo errado", disse Matarazzo, em uma alusão à administração Marta Suplicy (2001-04). O PT joga a culpa nos tucanos, que, na visão do partido, abandonaram os projetos de revitalização do Centro na gestão José Serra (05-06).
A nova operação na Cracolândia